DESAFIOS DE QUEM EDUCA
Educar exige, ao mesmo tempo, criatividade, flexibilidade, escuta e limite, além de competência acadêmica. Na teoria, isso parece fácil, mas na prática, não o é. Temos muita insegurança em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Tempos atrás talvez a tarefa de educar fosse mais simples, pela existência de regras rígidas, quase dogmáticas.
Alvin Tofler, citado por Ramos (2002, p. 3), afirma que a sociedade humana passou por três grandes mudanças, e cada uma propôs padrões de comportamento que afetaram a sociedade como um todo, forçando transformações nos diferentes setores: político, econômico, cultural e educacional. A revolução agrícola foi a primeira (começa por volta de 8.000 a .C.; encerra-se no final do século XVII) e fez com que o homem aprendesse novas formas de vida sedentária, passando a morar em aldeias. A sociedade agrícola vivia da terra e tinha na enxada o seu principal símbolo.
A segunda mudança aconteceu com a Revolução Industrial (começa por volta de 1700; termina próximo a 1950), que provocou mudanças dramáticas e deu origem a uma sociedade autoritária: o patrão determina e o empregado cumpre, o pai manda e o filho obedece. A educação nesta sociedade tem de ser massificada e homogênea, pois a mão de obra tem de ser barata e de baixa qualificação, para realizar tarefas rotineiras e repetitivas. Seu maior símbolo é a linha de montagem.
Atualmente estamos na Sociedade do Conhecimento. A terceira mudança, que foi provocada pela revolução da informação, tornou a sociedade mais democrática e participativa. As relações entre pais e filhos, empregados e empregadores tendem a ser de colaboração e parceria. A Sociedade do Conhecimento tem como símbolo o computador. A educação torna-se heterogênea e diversificada, pois o mercado de trabalho exige profissionais altamente qualificados com um nível educacional cada vez mais alto. A “atividade cerebral é a grande empregadora” (Ramos, 2002, p.4).
Com a globalização, o avanço da tecnologia, o amplo acesso à cultura, e diante de uma grande massa de informações sobre o crescimento e desenvolvimento humano, educar torna-se um ato mais complexo. Pais e professores, por confusão ou insegurança, são levados a posições excessivamente liberais, mescladas de culpa, ao tentarem impor limites aos filhos e alunos (é proibido dizer "não"). Isso resulta, muitas vezes, em uma completa ausência de autoridade, já que educar implica sempre, em menor ou maior grau, na necessidade de impor limites, mediante regras básicas claramente estabelecidas. Nessa inversão de papéis, o autoritarismo e a tirania dos pais e professores cedem lugar ao autoritarismo e à tirania dos filhos e alunos.
Essa crise de autoridade se junta a outros fatores, tais como, falta de infra-estrutura nas escolas, despreparo do pessoal, desmotivação, excesso de burocracia e pouco contato com os alunos, pequena participação da comunidade, além de situações de abandono familiar, falta de lazer, ociosidade, facilidade de aquisição e uso de armas, consumo de drogas, falta de policiamento, impunidade, banalização da violência, e temos então um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelos profissionais da educação: a indisciplina e a violência nas escolas.
http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03/professor.htm